Mostra de Fotofilmes e Filmes-carta
Com o título que já é um manifesto a mostra reúne filmes atravessados por afetos, políticas e efemeridades e que se aproximam pelas imagens de acervos familiares, arquivos públicos e celulares. A urgência de falar sobre si e sobre os seus, dá um tom específico aos narradores de filmes-cartas e ao modo com fotógrafes dão movimento aos seus ensaios. Tudo isso os aproxima, mas cada filme preserva seu próprio mistério. A curadoria de Iana Soares e Felipe Camilo está dividida em 04 sessões: Negros Acervos; Textura da Lembrança; Narradores e Arquivistas; e FotoFilmes/Filmes-Carta. As exibições acontecem no MIS às 16h de 27-30 de setembro, sendo a última sessão, sábado 30, 17h, acompanhada de uma Conversa Experimental com os curadores.
Fotofilmes são, segundo Claudia Tavares (2021), “uma modalidade de apresentação de imagens fixas em sintonia com a montagem cinematográfica, integrando a linguagem estática da fotografia com a fluidez da linguagem do cinema, transformando trabalhos fotográficos em filmes, ou melhor, em fotofilmes”. Tal gênero híbrido, acentua nossa percepção do movimento das imagens na medida em que estas não se movem ou se mexem pouco ou muito lentamente. Veloz ou moroso, o ritmo do vídeo reconfigura as circunstancias narrativas do ensaio fotográfico e sua relação com as palavras e os ruídos.
Um filme-carta é uma forma audiovisual de nos correspondermos que talvez tenha surgido de um encontro do cinema com a literatura. É uma aproximação entre o que se diz e o que se mostra, entre o manuscrito e a imagem, que não possui forma pronta. Do flerte reincidente de muitos autores com os velhos retratos em suas caixinha de sapatos, o Efêmero Festival promove o encontro entre filmes-carta e fotofilmes como forma de investigar limiares entre linguagens.
Segundo Cezar Migliorin (2014) , “O filme-carta, fortemente associado ao ensaio, parte do diálogo entre dimensões subjetivas e objetivas da imagem, da reflexividade intrínseca à carta, demandando uma relação direta dos cineastas com as imagens, além da liberdade de lidar com materiais heterogêneos e incorporar fluxos de imagens e consciência”.
Remetendo-se à alguém diante de muitos, o filme-carta é um convite a uma conversa já em curso. Ao Efêmero interessa a diversidade de partilhas de experiências e suas experimentações visuais de formas instáveis. O encontro entre gêneros e obras de natureza híbrida também celebra e tenciona a noção de ensaio tanto para o cinema como para a fotografia.
Sessão 1 – Negros Acervos
Meninos que voam, Denise Luz, 2021, Ceará
Escala Humana, Marina Feldhues, 2019/2020, Pernambuco
Memória resto, arth3mis, 2023, Ceará
Poeira, Alisson Severino, 2021, Ceará
Eu nunca havia chorado em um sonho, Dirnei Prates, 2018, Rio Grande do Sul
Meu Pretinho, Wallison Azevedo, 2023, Ceará
Sessão 2 – Textura da Lembrança
A palavra distância é o espaço entre dois corpos, Deriva Cartográfica (Dir. Yuji Kodato), 2023, Minas Gerais
A Memória Gosta de Dançar entre as palavras não ditas e as imagens a serem contadas, Fernando Maia da Cunha, 2023, Ceará
Desapagar, Ed Borges, 2020, Ceará
CO2, Fernanda Siebra, 2022, Ceará
Paubrasilia, José Diniz, 2023, Rio de Janeiro
MORNO, corpoproblema, 2023, Ceará
Miragem, Virgínia Pinho, 2014, Ceará
No encontro tudo se dilui, Fe Avila, São Paulo
Sessão 3 – Narradores e Arquivistas
Feira Antiga Cidade Nova 4, Ionaldo Rodrigues, 2021, Pará
Confidente, Celine Germano, 2023, São Paulo
Carrossel, Rafael de Almeida, 2013, Goiás
A luz que revela a imagem é a mesma que a apaga e movimenta, Daniela Pinheiro, 2023, Distrito Federal
Cosmic Vision, Gil Vicente Xaxas, 2023, Pernambuco
O caminho para o esquecimento, Thiago Simas, 2019, Rio de Janeiro
Máquina de Projetar Memórias n.1 – Luiz Rosemberg Filho, Mili Bursztyn e Arthur Frazão 2022, Rio de Janeiro
Sessão 4 – FotoFilmes/Filmes-Carta
Margaridinha, uma crianca antiga, Caroline Chamusca, 2020, Rio de Janeiro
Carta a memória, Lohana, 2023, Ceará
O que eu vi quando você não estava lá, Raquel Gandra, 2016-2023, Rio de Janeiro
Eu sabia, Claudia Tavares, 2023, Rio de Janeiro
carta em branca que escrevi para mim, Thais Menescal, 2023, Ceará
.REVIR., Fernando Gomes, 2020, Bahia
“Entre a Ida e a Vinda: Um Sertão de Saudade”, Sam Célio [Grito De Estrela], 2023, Ceará